RESUMO
No Brasil e no mundo existe uma polêmica sobre a produção de alimentos, e existe um consenso geral de que a área do planeta é insuficiente para alimentar toda a sua população. No artigo apresentado poderá ser comprovado através de dados que o problema da alimentação, primeiramente de forma global, e depois dando foco ao Brasil, não está na produção de alimentos, mas sim em se utilizar a área agricultável para pecuária, para produção de cereais voltados para alimentação animal e no caso específico do Brasil, à falta de uma política eficiente de reforma agrária, impossibilitando a boa parte da população o acesso aos recursos mínimos para sua sobrevivência.

1. INTRODUÇÃO
No início do Século XVIII, a população mundial era de cerca de um bilhão de pessoas. Com o crescimento exagerado até os dias atuais, esse valor aumentou para quase sete bilhões de pessoas (6,8 bilhão, segundo o IBGE, em 2006). Esse número tende a crescer numa velocidade ainda maior e sendo assim, existem projeções que mostram que até 2050 a população será de nove bilhões de pessoas.
Se num período de pouco mais de 200 anos (1800-2006) a população cresceu 680% e nos próximos 44 anos (2006-2050) crescerá mais 32%, é natural pensar que não será possível produzir alimentos para todas essas pessoas, ainda mais se considerarmos que mesmo hoje, com uma população relativamente baixa frente às projeções de daqui a 50 anos, existem mais de oitocentos milhões de pessoas passando fome (segundo a ONU). Como alimentar toda essa população ainda em crescimento se a área agricultável do planeta não pode aumentar?

2. DESENVOLVIMENTO
O Brasil possui cerca de 20% da área agricultável do mundo ? 150 milhões de hectares de um total de 750 milhões de hectares. Com um hectare de terra utilizado para criação de gado extensivo, se produz ao ano, em média, 100kg de carne, sendo que existe uma perda de cerca de 28% da massa total do bovino.
Em oposição a esses dados, pode-se perceber que, segundo o IBGE, a produção de caroço de algodão, amendoim, arroz, feijão, mamona, milho, soja, aveia, centeio, cevada, girassol, sorgo, trigo e triticale em 2006 deverá ser de cerca de 118 milhões de toneladas, ocupando aproximadamente 46 milhões de hectares. Isso dá uma produtividade média de 2,5 toneladas desses grãos para cada hectare plantado, ou seja, uma produtividade 25 vezes maior que a de carne bovina.
O que é possível perceber é que a medida que o crescimento de carne cresce no mundo, as florestas são cada vez mais degradadas e pressionadas por fazendas de gado. Além disso, parte considerável desses 46 milhões de hectares de grãos é utilizada a produção de ração para bovinos, suínos etc.
Um dos principais problemas no Brasil e no mundo é justamente a falta de distribuição desses alimentos produzidos. Esta tendência pode ser observada também em diversos países da África.
Apesar da alta produção de carne e grãos no Brasil, milhões de brasileiros estão abaixo da linha de pobreza ? cerca de 30% da população. É considerado como miserável uma renda inferior a oitenta reais por mês (um dólar por dia) por pessoa, e considerando uma família brasileira média com 3,5 pessoas, segundo o IBGE, se totaliza uma renda de 280 reais por família, enquanto a cesta básica mais baixa do país é de 130 reais (46% da renda familiar média). Também segundo o IBGE, a habitação consome cerca de 30% renda familiar.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos constatar com isso que os principais motivo da fome no Brasil e no mundo são:
- A utilização das áreas agricultáveis para criação de gado e plantação de grãos voltados para a exportação e produção de ração animal, além de praticamente ignorar o abastecimento interno com alimentos;
- Ausência de uma política de reforma agrária, o que faz com que grandes áreas abriguem latifúndios, muitas vezes pouquíssimo produtivos ou improdutivos, e latifúndios voltados para exportação ? como já foi dito. Enquanto isso, a população brasileira é expulsa para as cidades, sendo obrigada a gastar no mínimo 46% por cento da renda familiar ? em média ? com alimentação, e 30% com habitação, totalizando 76% dos gastos familiares com apenas dois dos gastos essenciais de uma família, excluindo-se aí saúde, educação, não garantidos pelo Estado, e quando garantidos, de baixa qualidade, além do transporte, que deve sair diretamente do bolso do trabalhador.
Com uma reforma agrária bem estruturada, boa parte da população já teria garantido ao menos a alimentação e habitação.
Conclui-se com todos esses dados também que o problema de abastecimento alimentar no mundo não está na produção ou ausência de áreas agricultáveis, mas sim no problema de voltar essa produção para a pecuária, que tem uma produtividade média de 25 vezes a menos que de grãos, o que faz com que haja desabastecimento de grãos, tornando seu preço mais alto e proibitivo e pressione áreas de floresta para o desmatamento voltado para a pecuária.

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