domingo, 8 de setembro de 2013

Adolescência e drogadição: o que a família tem haver com isso?

Diante do aumento da criminalidade veiculado diariamente por jornais e revistas nos perguntamos: o que está acontecendo com os nossos jovens? A droga aparece constantemente como um dos motivos principais que levam os jovens ao mundo do crime. A sensação que tenho é de que as famílias fazem o que podem e acabam vendo seus filhos “perdendo-se” nas drogas. Vejo também os pais de crianças pequenas cada vez mais preocupados com os filhos, os quais podem entrar neste caminho.
Trabalhar com dependência química é trabalhar com mentiras e omissões, mas existe tratamento e isso é o que importa. Porém, este se dará somente quando envolver a família deste jovem. Sabemos que o que define um rio é a sua margem. Se o rio alaga vira uma bagunça ou uma tragédia como a que temos visto em Santa Catarina há dias. Ele fica sem limites. O mesmo acontece com a drogadição. O que define a adolescência com drogas é a falta de limites. Geralmente são jovens que vem de famílias sem margens, sem limites ou com limites muito extensos.
Outra questão importante é a constante busca das famílias por profissionais especializados e é claro que eles estão ali para ajudar. Porém, um jovem envolvido com drogas precisa saber que tem uma família comprometida. E isso é especialmente válido porque um profissional não poderá levar o adolescente para casa. As famílias precisam voltar a acreditar que são capazes. O primeiro passo para que isso aconteça é restaurar a maternagem e, principalmente, a paternagem, que não precisa necessariamente ser feita por um pai, mas por alguém que signifique a autoridade na família. E exercer a autoridade não significa ser autoritário, mas sim, exercer a lei e as regras com firmeza e amor.
O mesmo ocorre para as cidades. Quando se devolve um pai para elas, elas se acalmam. E podemos ver isso pelas leis. Quando exercidas e fiscalizadas, como a “Lei da tolerância zero”, com 63% de redução de mortes no trânsito no primeiro mês de implantação em Porto Alegre. Em um lugar onde a norma é cumprida há menos uso de drogas. Da mesma maneira, em um lugar onde não existe a margem, onde o adolescente irá procurar a margem, o limite? Na força, no máximo, no “patrão”, enfim, no traficante, que sabe como exercer esse papel para o adolescente.
Diversas pesquisas indicam que pais que sabem onde os filhos estão têm doze vezes menos filhos drogados comparados aos pais que não sabem onde seus filhos estão. O “não” não é só punitivo, ele também protege e é importante. Pais que dizem “não” estão muitas vezes protegendo seus filhos. E proteger significa também conhecer os amigos de seus filhos, saber com quem passam os fins de semana, saber de sua vida escolar. E quando desconfiarem de algo mais sério, procurar. Porque quem procura acha e pode ajudar. Acredito que ter filhos signifique tudo isso. Além de arrumar tempo para estar com eles, saber deles e conversar com eles. E se tudo isso for cansativo demais, então é melhor não tê-los. Porque ter filhos é trabalhoso mesmo, mas cada um pode listar para si mesmo (e pensar) o quanto vale a pena.
Outro dado importante é que a dependência química se dá também em famílias funcionais. Não adianta achar que a culpa será sempre da família ou tentar achar algum culpado. As causas são múltiplas. Por isso, se os pais fizerem a sua parte certamente restarão mais opções de escolha a seus filhos e mais informações seguras a respeito de que caminho trilhar em suas vidas.