quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Os Intelectuais e a Questão Negra

Os Intelectuais e a Questão Negra

                A visão dos intelectuais sobre a temática negra no Brasil evoluiu de um profundo racismo e preconceito para uma visão de maior amplitude na compreensão social da importância dos negros para o desenvolvimento sócio-político-econômico nacional. No fim do século XIX e início do século XX, dois locais se destacaram na produção de conhecimento relativo à temática negra: A faculdade de Medicina da Bahia e a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.  Dentre os pesquisadores baianos se destacou Nina Rodrigues. Dentre os pesquisadores cariocas, foi destaque Arthur Ramos. Nina Rodrigues foi profundamente influenciado pelos estudos racistas de Lombroso, um médico forense italiano, que relacionava aspectos físicos dos criminosos, como forma das orelhas e no nariz, aos crimes cometidos. Nina Rodrigues, neste sentido, apontava os negros como uma das camadas perigosas da população. Pois teriam predisposições a ações sociais patológicas. Arthur Ramos, autor do livro O Negro Brasileiro, também possuiu uma verve de profundo preconceito ao analisar as temáticas relativas aos afrodescendentes na América Portuguesa. Apesar da classificação de racistas, concomitantemente, estes autores são considerados os pioneiros da antropologia no Brasil. Isto porque suas etnografias em relação aos bantos e sudaneses, principais grupos éticos negros que migraram forçadamente nos tumbeiros para o Brasil, são as pioneiras referências da literatura especializada sobre a área.

                Outro autor que teve uma grande repercussão sobre as temáticas negras no Brasil foi o antropólogo Gilberto Freire. Este importante pensador publicou em 1933 o grande clássico das ciências sociais Casa-grande e Senzala. Sua principal perspectiva era a de criticar o pensamento racista vigente, em especial as teses de Oliveira Vianna, que vinculava aos imigrantes alemães um possível progresso nacional, no livro Populações do Brasil Meridional. Gilberto Freire inovou ao considerar o negro não apenas a mão-de-obra a ser explorada, mas sim como um co-colonizador ao lado do português. Seu combate ao racismo, ao considerar que o negro auxiliou a colonização em especial nas tarefas domésticas, indica um avanço aos princípios racistas. Todavia, nos anos 1950, Gilberto Freyre apoiou as posturas racistas do colonialismo português na África, ao publicar o livro O Luso e o Trópico, na qual apoiava as medidas imperialistas do ditador português Antônio Salazar. Sua principal tese era que no Brasil, assim como nos principais países de língua portuguesa, não havia racismo, mas sim uma democracia racial, sendo o português menos racista que as demais nações colonialistas.

                Como contraponto às teses de Gilberto Freire, que visualizava uma democracia racial ou étnica, tivemos as pesquisas sobre os negros realizada na Universidade de São Paulo, em especial lideradas pelos cientistas sociais Florestan Fernandes e Roger Bastide. Os principais pontos relatados por estes intelectuais eram uma recusa a ideia de democracia racial, apontando o profundo racismo da sociedade brasileira. Florestan Fernandes orientou trabalhos pioneiros sobre a temática negra, como A Cor a e Sociabilidade Social em Florianópolis, de Octávio Ianne e Fernando Henrique Cardoso. FHC publicou, posteriormente Capitalismo e Escravidão no Brasil Meridional, na qual analisava, utilizando categorias de análises marxistas e weberianas, a escravidão no Rio Grande do Sul. Por sua vez, Octávio Ianne publicou O Negro na Sociedade de Classes.

                Por fim, as atuais pesquisas sobre a presença negra e a escravidão no Brasil se baseiam no que se chama de perspectiva atlântica. Isto é, se pensa a escravidão e seu legado como um reflexo das relações entre Brasil e África. Alguns intelectuais, como o diplomata e intelectual africanista Alberto da Costa e Silva e o historiador Luiz Filipe de Alencastro se destacaram. Costa e Silva publicou um Rio Chamado Atlântico, além da A manilha e o Libambo: A África e a Escravidao, de 1500 a 1700. Alencastro, por sua vez, publicou o livro Trato dos Viventes, no qual apontou questões sobre a formação do Brasil no Atlântico Sul.  Os votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal sobre a constitucionalidade das cotas raciais nas universidades tiveram como luz o parecer do historiador Luiz Felipe de Alencastro. 
                A intelectualidade brasileira apresenta um posicionamento polêmico em relação às cotas. Pois, intelectuais conservadores, como Peter Fry e Alba Zaluar, ambos de universidades do Rio de Janeiro, apontam posicionamentos contrários às cotas, ainda mantendo uma postura próxima a de Gilberto Freire, afirmando existir no Brasil uma “Democracia Racial”. Todavia, o parecer de Alencastro foi definitivo em relação à postura da intelectualidade brasileira em relação às cotas, em um parecer favorável as mesmas.
Os Intelectuais e a Questão Negra

                A visão dos intelectuais sobre a temática negra no Brasil evoluiu de um profundo racismo e preconceito para uma visão de maior amplitude na compreensão social da importância dos negros para o desenvolvimento sócio-político-econômico nacional. No fim do século XIX e início do século XX, dois locais se destacaram na produção de conhecimento relativo à temática negra: A faculdade de Medicina da Bahia e a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.  Dentre os pesquisadores baianos se destacou Nina Rodrigues. Dentre os pesquisadores cariocas, foi destaque Arthur Ramos. Nina Rodrigues foi profundamente influenciado pelos estudos racistas de Lombroso, um médico forense italiano, que relacionava aspectos físicos dos criminosos, como forma das orelhas e no nariz, aos crimes cometidos. Nina Rodrigues, neste sentido, apontava os negros como uma das camadas perigosas da população. Pois teriam predisposições a ações sociais patológicas. Arthur Ramos, autor do livro O Negro Brasileiro, também possuiu uma verve de profundo preconceito ao analisar as temáticas relativas aos afrodescendentes na América Portuguesa. Apesar da classificação de racistas, concomitantemente, estes autores são considerados os pioneiros da antropologia no Brasil. Isto porque suas etnografias em relação aos bantos e sudaneses, principais grupos éticos negros que migraram forçadamente nos tumbeiros para o Brasil, são as pioneiras referências da literatura especializada sobre a área.

                Outro autor que teve uma grande repercussão sobre as temáticas negras no Brasil foi o antropólogo Gilberto Freire. Este importante pensador publicou em 1933 o grande clássico das ciências sociais Casa-grande e Senzala. Sua principal perspectiva era a de criticar o pensamento racista vigente, em especial as teses de Oliveira Vianna, que vinculava aos imigrantes alemães um possível progresso nacional, no livro Populações do Brasil Meridional. Gilberto Freire inovou ao considerar o negro não apenas a mão-de-obra a ser explorada, mas sim como um co-colonizador ao lado do português. Seu combate ao racismo, ao considerar que o negro auxiliou a colonização em especial nas tarefas domésticas, indica um avanço aos princípios racistas. Todavia, nos anos 1950, Gilberto Freyre apoiou as posturas racistas do colonialismo português na África, ao publicar o livro O Luso e o Trópico, na qual apoiava as medidas imperialistas do ditador português Antônio Salazar. Sua principal tese era que no Brasil, assim como nos principais países de língua portuguesa, não havia racismo, mas sim uma democracia racial, sendo o português menos racista que as demais nações colonialistas.

                Como contraponto às teses de Gilberto Freire, que visualizava uma democracia racial ou étnica, tivemos as pesquisas sobre os negros realizada na Universidade de São Paulo, em especial lideradas pelos cientistas sociais Florestan Fernandes e Roger Bastide. Os principais pontos relatados por estes intelectuais eram uma recusa a ideia de democracia racial, apontando o profundo racismo da sociedade brasileira. Florestan Fernandes orientou trabalhos pioneiros sobre a temática negra, como A Cor a e Sociabilidade Social em Florianópolis, de Octávio Ianne e Fernando Henrique Cardoso. FHC publicou, posteriormente Capitalismo e Escravidão no Brasil Meridional, na qual analisava, utilizando categorias de análises marxistas e weberianas, a escravidão no Rio Grande do Sul. Por sua vez, Octávio Ianne publicou O Negro na Sociedade de Classes.

                Por fim, as atuais pesquisas sobre a presença negra e a escravidão no Brasil se baseiam no que se chama de perspectiva atlântica. Isto é, se pensa a escravidão e seu legado como um reflexo das relações entre Brasil e África. Alguns intelectuais, como o diplomata e intelectual africanista Alberto da Costa e Silva e o historiador Luiz Filipe de Alencastro se destacaram. Costa e Silva publicou um Rio Chamado Atlântico, além da A manilha e o Libambo: A África e a Escravidao, de 1500 a 1700. Alencastro, por sua vez, publicou o livro Trato dos Viventes, no qual apontou questões sobre a formação do Brasil no Atlântico Sul.  Os votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal sobre a constitucionalidade das cotas raciais nas universidades tiveram como luz o parecer do historiador Luiz Felipe de Alencastro. 

                A intelectualidade brasileira apresenta um posicionamento polêmico em relação às cotas. Pois, intelectuais conservadores, como Peter Fry e Alba Zaluar, ambos de universidades do Rio de Janeiro, apontam posicionamentos contrários às cotas, ainda mantendo uma postura próxima a de Gilberto Freire, afirmando existir no Brasil uma “Democracia Racial”. Todavia, o parecer de Alencastro foi definitivo em relação à postura da intelectualidade brasileira em relação às cotas, em um parecer favorável as mesmas.
Povos Ameríndios No Brasil - Básico
    Quando dá chegada do europeu no território que hoje compõe o Brasil já habitavam, segundo algumas estimativas, por volta de mil diferentes povos indígenas totalizando em torno de 2 a 4 milhões de indíviduos. Embora sejam hoje todos chamados de "índios" (o que aliás foi fruto de um engano, pois incialmente pensou-se que tinha-se chegado a Índia, na Ásia), era, como ainda o é, imensa a diversidade cultural entre estes povos. 

    De fato, hoje em dia nosso país apresenta 241 grupos étnicos de origem pré-colombiana que falam 150 diferentes línguas totalizando, de acordo com dados do último censo do IBGE, 896.917 indíviduos distribuídos por milhares de aldeias localizadas nas 693 terras indígenas demarcadas em todo território nacional, sendo que alguns destes, 324.834 para ser mais exato, moram em cidades.
    Por definição legal, no Brasil considera-se índio todo aquele que "é membro de uma comunidade indígena, reconhecido por ela como tal" ao passo que "comunidade indígena" define-se como: "toda comunidade fundada em relações de parentesco ou vizinhança entre seus membros, que mantém laços histórico-culturais com as organizações sociais indígenas pré-colombianas". Ao contrário do que o senso comum preconiza, portanto, ser índio, para a lei brasileira, não passa pela presença, ou não, de traços culturais distintivos, como usar cocar, se pintar de urucum, ou algo semelhante. De maneira que pode-se perfeitamente, de acordo com a constituição brasileira, morar em cidade, andar de carro e se vestir com "roupa de branco" e continuar a ser índio.

    Outra ideia que deve ser igualmente combatida como uma falácia, que é, é o discurso que afirma haver muita terra para pouco índio, que as terras indígenas são improdutivas e que terras indígenas em região de fronteira são uma ameaça a soberania nacional. Este tipo de fala é altamente pernicioso e fruto de um preconceito atávico em relação a estas populações. De fato a maioria das terras indígenas tem dimensões menores do que a própria constituição recomenda, ou seja, com uma extensão insuficiente para a reprodução cultural tradicional destes povos. Da mesma maneira pode-se afirmar que elas apresentam uma produtividade adequada ao modo de produção destes povos, sendo suficiente para garantir as atuais e futuras gerações destes grupos étnicos. Também sabemos com toda certeza que historicamente os povos indígenas que habitam as áreas de fronteira foram, e são ainda, garantia da soberania nacional, atuando de maneira decisiva para a manutenção da extensão do território brasileiro e defendendo nosso país contra invasões estrangeiras, como foi o caso recente dos índios Ashaninka que denunciaram à Polícia Federal a invasão do território acreano por parte de madereiros e traficantes peruanos. Por fim, mas não menos importante, as terras indígenas tem representado um fator de enorme importância na conservação do meio ambiente, como a foto abaixo pode comprovar, onde a parte verde representa o limite do Parque Nacional do Xingú.


Povos Ameríndios No Brasil - Intermediário
     Para se entender a questão indígena no Brasil, e nas Américas, precisamos ter em mente alguns fatos, a saber:
     Em primeiro lugar que o território brasileiro já era habitado por populações humanas milhares de anos antes da chegada dos europeus aqui.
    Que a conquista européia do continente americano foi de uma violência sem par na história humana, representando o maior genocídio ocorrido nesta, com por volta de 30 milhões de mortos no processo.
    Que a origem destas populações não é sabida com certeza, sendo bastante provável que estas descendam de povos paleo-siberianos que cruzaram o estreito de Bhering entre 25 a 15 mil anos atrás, estando aqui, portanto, muito antes da chegada dos europeus.
    Que algumas populações que hoje habitam o território brasileiro são descendentes diretos deste povos que aqui estavam antes dos europeus por cá chegarem.
     Que os índios brasileiros têm uma história própria, independente da história européia, que se estende por milhares de anos, antecedendo o encontro com os europeus, à 500 anos atrás.
    Que estes povos têm uma cultura própria fruto de suas histórias e das relações que estabeleceram entre si, entre seus membros e destes com o meio ambiente que habitam, tendo sido, entretanto, profundamentes afetados pela colonização, que foi altamente disruptiva destas culturas.
    E, por fim, que as divisões territoriais que estes povos apresentam não coincidem necessariamente com as fronteiras nacionais dos países da região, pelo que devemos falar antes em "povos indígenas no Brasil" do que"povos indígenas do Brasil". 
Línguas indígenas no Brasil:




    


Políticas Públicas - Básico
É importante compreender que existem duas esferas a serem compreendidas:
Pública x Privada
Esfera Pública - Pode ser compreendida como uma convenção social que atenda aos interesses da coletividade. Ou seja, é a esfera de ação do Estado. As pessoas são consideradas cidadãos, independente de serem usuários das politicas ou servidores, todos submetem-se as normativas impostas pelo Estado.
Esfera Privada - Pode ser compreendida como uma convenção social especifica   que atenda apenas as parcelas residuais e especificas. Ou seja, é a esfera de ação dos indivíduos na sociedade civil. As pessoas são indivíduos pertencentes a um sistema capitalista que visa a satisfação de suas necessidades individuais ou de um grupo especifico.
A partir dessa compreensão é que surgem as demais diferenciações:

Direito Público

X

Direito Privado
Estado
X
Sociedade Civil
Poderes do Estado
X

Direitos do Cidadão

Políticas Públicas - Intermediário
Todas as Associações pertencem a Administração Privada, pois apresentam missão e objetivos autônomos, possíveis de serem alterados   conforme a vontade de seus integrantes.
As Instituições pertencem as Organizações Estatais e surgem para desempenhar funções que atendam a coletividade, apresentam missão e objetivos determinados legalmente.
A Administração Publica apresenta outro recorte importante: a Administração Direta e a Administração Indireta.

Administração Direta - pode ser identificada através dos serviços integrados a Presidência da República e aos 24 Ministérios.
Administração Indireta - é identificada por entidades de personalidade jurídica própria, estes vinculados aos Ministérios ou as Secretarias.
Para fixar o conteúdo  traremos para reflexão o quadro com: Exemplos de Administração Indireta. 

Com o conteúdo apresentado até esse momento é possível considerar que o Setor Publico determinará a esfera de atuação do Poder Privado.
Diversidade Cultural E Caracterização Regional No Brasil - Básico
O Brasil possuiu uma grande diversidade de sotaques, estilos de vida e formas de convivência que caracterizam as distintas regiões brasileiras. Porém, as divisões regionais do Brasil possuem uma história longa. No processo de consolidação da independência, em 1822, tivemos uma união das chamadas Províncias Unidas do Sul, uma primeira diferenciação entre regiões brasileiras.  Pois, enquanto as províncias do norte, como a Bahia e o Pará, ainda se mantinham fiéis à Coroa Portuguesa, como no caso da luta contra o General Madeira (Salvador, Bahia) e a adesão do Pará ao Brasil, que só ocorreu em 1824. As provinciais unidas do Sul eram Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.  Uma primeira divisão regional ocorreu junto com o próprio processo de Independência. Porém, a ideia de região foi no Brasil uma construção de longa duração.
Durante os anos de Brasil Colonial, a divisão regional existente eram as Capitanias. Algumas mais relevantes do ponto de vista político e econômico, outras menos influentes, porém com poder jurisdicional. A capitania de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Pernambuco, de Sergipe, do Rio Grande do Norte, de São Pedro do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina são exemplos de capitanias que até hoje nomeiam unidades territoriais brasileiras. Todavia, algumas capitanias, como Itaparica, foram englobadas por estados, no caso, a Bahia. No Império, a nomenclatura de capitania é modificada para Província. Também foi presente o surgimento de novas províncias, como a antiga 5ª Comarca da província de São Paulo, que se transformou na província do Paraná. A nomenclatura de estados para as antigas províncias adveio com a proclamação da república, na qual o Império do Brasil se transformou na República dos Estados Unidos do Brasil.
Até o ano de 1946, não existiam, do ponto de vista legal, divisões regionais reconhecidas pelo governo Brasileiro. Com a criação do IBGE- o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, foi criada uma primeira divisão regional, na qual o Brasil era dividido nas regiões sul- composta por São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul- Leste, com a Bahia, o Espírito Santo e o Rio de Janeiro, a região centro-oeste, composta por Goiás e Mato-Grosso, Norte, por Amazonas e Pará, além do nordeste, composto pelos demais estados da federação. Em 1967, a República dos Estados Unidos do Brasil foi transformada na República Federativa do Brasil. Assim, em 1969, a ditadura militar refez uma nova divisão regional, na qual foram criadas as atuais divisões, sul,  sudeste, centro-oeste, norte e nordeste.  
A criação de novos estados se relacionam com um processo de menor imposição do governo federal em relação às regiões. Com a revolução de 1930, algumas regiões eram consideradas territórios federais, como o Iguaçu, Fernando de Noronha, Amapá e Guaporé. Após a Constituição de 1988 e um maior avanço democrático, os antigos Territórios Federais foram incorporados aos estados, como no caso de Fernando de Noronha (parte integrante de Pernambuco) e o Iguaçu (parte do Paraná). Outros, como o Amapá e Guaporé (Rondônia) foram elevados a estado. Outras unidades federativas que surgiram nas últimas décadas foram o Tocantins (antigo norte de Goiás e sul do Pará), e Roraima. Nos últimos tempos, alguns estados foram propostos, como no caso do Pará, que seria dividido. Porém, a proposta foi rejeitada em um plebiscito.  
Diversidade Cultural E Caracterização Regional No Brasil - Intermediário
A divisão das regiões brasileiras perpassa não apenas questões geopolíticas, como também questões geoeconômicas. Em relação às dinâmicas geoeconômicas, podemos estabelecer três grandes regiões brasileiras: a Amazônia, o Nordeste e o Centro-sul. Do ponto de vista geopolítico, teríamos a região amazônica correspondendo ao Norte, o nordeste correspondendo a seu homônimo político e o centro-sul correspondendo às regiões sul, sudeste e centro-oeste. Observa-se, do ponto de vista socioeconômico, uma grande diferenciação entre as três regiões.
Uma das primeiras regiões brasileiras a ter um banco para fomentar seu desenvolvimento foi o Nordeste, com a criação da SUDENE, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, durante o governo Juscelino Kubistchek. Seu idealizador e primeiro diretor foi o economista Celso Furtado. Tratava-se de uma tentativa de desenvolver a região com investimentos de verba pública. Porém, outras instituições federais anteriores tinham a função de desenvolver a região, sendo uma das principais a antiga Inspetoria de Obras Contra as Secas.  Criada em 1909, pelo governo Nilo Peçanha, teve seu nome alterado para Departamento Nacional de Obras contra as Secas durante o governo Getúlio Vargas.  A seca é um dos flagelos da população que habita o semiárido, Porém, a região Nordeste também é composta por outras subdivisões regionais, como a zona da mata (região litorânea), o agreste, o sertão (semiárido) e o meio norte (também chamado de zona dos coqueirais, na fronteira com a Amazônia). O banco do Nordeste é uma das principais instituições da região. Quando apontamos a Sudene na formação de uma identidade nordestina, a mesma pode ser compreendida por ser a Bahia e o Maranhão (além do vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais), incluídos nas áreas de atuação da SUDENE. Regiões que anteriormente não eram consideradas “nordestinas’.   
A região amazônica foi durante muitos anos, ligada ao extrativismo vegetal.  Tanto de especiarias como as drogas do sertão (castanha do Pará, entre outras), como também na exploração de matérias-primas, na qual se destacava o látex, responsável pela fabricação da borracha. O ciclo da borracha, que teve seu auge no início de século XX, é fundamental para a compreensão das dinâmicas geoeconômicas da região amazônica. Pois, antes da exploração do látex, a principal cidade da região era Belém. Manaus passou a concorrer com Belém como uma das cidades polo da região graças a borracha. Outra questão importante foi a do Acre, território pertencente à Bolívia, ocupado pelos brasileiros e no Tratado de Petrópolis, de 1904, comprado pelo Brasil. Em 1967, se fundou a zona franca de Manaus, como tentativa de criar um polo econômico em meio à floresta amazônica. Nos anos 1970, o governo militar também incentivou a ocupação do território amazônico, com a criação de colônias agrícolas ao longo de uma rodovia que estava sendo aberta, a Transamazônica. Um projeto que não frutificou, porém, que demonstrava o pensamento geopolítico da Ditadura Militar. A cidade de Belém, na foz do Rio Amazonas, tem uma grande importância para a Região. Sede do Instituto de Pesquisa da Amazônia, como também sede da primeira Escola de Marinha Mercante do Brasil, é ligada ao restante do país pela rodovia Belém- Brasília. Todavia, a principal forma de comunicação na região é o transporte naval, através das embarcações que singram as águas da região.
                A região Centro-Sul é um centro dinâmico da economia brasileira. Engloba o agro negócio do centro-oeste, sul e sudeste, além das dinâmicas industriais do Sul e Sudeste. Uma dinâmica comum pode ser incluída se analisamos as regiões do ponto de vista econômico, pois temos uma integração entre as diferentes  regiões geopolíticas do centro sul. Um exemplo é a produção de soja do Matogrosso e de Goiás, que são exportadas através dos portos do sul e sudeste. O centro-sul enquanto região geoeconômica compreende diversas regiões, ao mesmo tempo interligadas de diversas formas. O Rio de Janeiro e a cidade de São Paulo formam os dois maiores núcleos urbanos do país. A antiga capital da república ainda se mantém como um ponto econômico importante, em especial, pela extração de petróleo na Bacia de Campos e pela produção audiovisual. Por sua vez, São Paulo é a principal cidade e o principal estado do país, concentrando a maior parte da produção industrial brasileira. Os estados do sul mantem grande parte de produção industrial e também de agroindústria.    
Assim, podemos observar que as dinâmicas geoeconômicas nem sempre respeitam as fronteiras estabelecidas politicamente pelos técnicos do Estado Brasileiro.
Teorias Sociais Brasileiras - Básico
No Brasil, a sociologia como atividade sistemática com o fim de conhecer a sociedade surge apenas na década de 1930, com a criação da Universidade de São Paulo, por meio da qual se passou a investir consideravelmente na produção científica. Seus estudos se desenvolveram na busca de compreender a formação da sociedade brasileira. Para que isto fosse possível entre os principais assuntos estão a escravatura e a abolição, o negro e o indígena que permitiam uma análise do processo de colonização. 
Formação da sociedade brasileira. 

Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=37897. Acesso em: 07 abr. 2014. 
Logo após o termino da Segunda Guerra mundial o Brasil passou por um processo de industrialização, e isso teve consequências diretas sobre a vida do povo brasileiro. A sociologia busca compreender estas mudanças, abordando conflitos entre raças e etnias, problemas com imigrações, de um modo geral, integração e mudança social.
A análise sociológica brasileira repousa sobre os problemas relacionados às desigualdades sociais, regionalismo, tradições, etnias, etc. A realidade brasileira torna-se temática nas mais variadas obras de sociólogos que escreveram sobre os aspectos sociais do Brasil. Dentre os principais sociólogos brasileiros podemos destaca: Florestan Fernandes, Darcy Ribeiro, Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Holanda, Caio Prado Junior e Fernando Henrique Cardoso.
A pluralidade de objetos e a interdisciplinaridade tornaram-se uma característica da sociologia brasileira, a partir de uma realidade cada vez mais diversificada. Os sociólogos buscam redefinir conceitos partindo de fenômenos mundiais, tais como capitalismo liberal e globalização. 
Teorias Sociais Brasileiras - Intermediário
O sociólogo brasileiro Florestan Fernandes desenvolveu trabalhos de pesquisa em várias áreas que vai desde a sociologia, economia, antropologia  e ciência política. É considerado ainda o fundador da sociologia crítica no Brasil. A formação da sociedade brasileira composta por indígenas, negros escravos e colonizadores portugueses foi tema de investigação por parte de Florestan.  Para um maior aprofundamento da sociologia desenvolvida por este importante sociólogo brasileiro sugerimos a leitura do artigo A Sociologia de Florestan Fernadnes. 
O antropologo Darcy Ribeiro deixou uma contribuição muito importante para a sociologia no brasil, pois seus estudos voltaram para compreender a matriz indígena brasileira, a formação da identidade do povo brasileiro. Esteve entre os indígenas por aproximadamente dez anos o que resultou em um profundo conhecimento da cultura idígena e produção de importantes obras literárias. Para conhecer um pouco mais sobre este intelectual brasileiro leia o artigo A obra em que Darcy Ribeiro desafia o Brasil
Outro intelectual brasileiro que deixou contribuições importantes para a sociologia no brasil e que merece atenção é Gilberto Freyre, pois é considerado um dos mais importantes sociólogos do século XX. Sua obra mais conhecida é Casa Grande e Senzala, na qual discorre sobre a formação da sociedade brasileira a partir das relações existentes entre o senhor e o escravo, pois a sociedade brasileira é resultado da miscigenação. Uma questão importante nesta obra é que o autor refuta a ideia de que devido a miscigenação resultou em uma raça inferior. Para um aprofundamento maior sobre esta obra sugerimos a leitura do prefácio do livro da edição de 1933.