Os Intelectuais
e a Questão Negra
A visão dos intelectuais sobre
a temática negra no Brasil evoluiu de um profundo racismo e preconceito para
uma visão de maior amplitude na compreensão social da importância dos negros
para o desenvolvimento sócio-político-econômico nacional. No fim do século XIX
e início do século XX, dois locais se destacaram na produção de conhecimento
relativo à temática negra: A faculdade de Medicina da Bahia e a Faculdade de
Medicina do Rio de Janeiro. Dentre os
pesquisadores baianos se destacou Nina Rodrigues. Dentre os pesquisadores
cariocas, foi destaque Arthur Ramos. Nina Rodrigues foi profundamente
influenciado pelos estudos racistas de Lombroso, um médico forense italiano,
que relacionava aspectos físicos dos criminosos, como forma das orelhas e no
nariz, aos crimes cometidos. Nina Rodrigues, neste sentido, apontava os negros
como uma das camadas perigosas da população. Pois teriam predisposições a ações
sociais patológicas. Arthur Ramos, autor do livro O Negro Brasileiro, também
possuiu uma verve de profundo preconceito ao analisar as temáticas relativas
aos afrodescendentes na América Portuguesa. Apesar da classificação de
racistas, concomitantemente, estes autores são considerados os pioneiros da
antropologia no Brasil. Isto porque suas etnografias em relação aos bantos e
sudaneses, principais grupos éticos negros que migraram forçadamente nos
tumbeiros para o Brasil, são as pioneiras referências da literatura
especializada sobre a área.
Outro autor que teve uma grande
repercussão sobre as temáticas negras no Brasil foi o antropólogo Gilberto
Freire. Este importante pensador publicou em 1933 o grande clássico das
ciências sociais Casa-grande e Senzala. Sua principal perspectiva era a de
criticar o pensamento racista vigente, em especial as teses de Oliveira Vianna,
que vinculava aos imigrantes alemães um possível progresso nacional, no livro
Populações do Brasil Meridional. Gilberto Freire inovou ao considerar o negro
não apenas a mão-de-obra a ser explorada, mas sim como um co-colonizador ao
lado do português. Seu combate ao racismo, ao considerar que o negro auxiliou a
colonização em especial nas tarefas domésticas, indica um avanço aos princípios
racistas. Todavia, nos anos 1950, Gilberto Freyre apoiou as posturas racistas
do colonialismo português na África, ao publicar o livro O Luso e o Trópico, na
qual apoiava as medidas imperialistas do ditador português Antônio Salazar. Sua
principal tese era que no Brasil, assim como nos principais países de língua
portuguesa, não havia racismo, mas sim uma democracia racial, sendo o português
menos racista que as demais nações colonialistas.
Como contraponto às teses de
Gilberto Freire, que visualizava uma democracia racial ou étnica, tivemos as
pesquisas sobre os negros realizada na Universidade de São Paulo, em especial
lideradas pelos cientistas sociais Florestan Fernandes e Roger Bastide. Os
principais pontos relatados por estes intelectuais eram uma recusa a ideia de
democracia racial, apontando o profundo racismo da sociedade brasileira.
Florestan Fernandes orientou trabalhos pioneiros sobre a temática negra, como A
Cor a e Sociabilidade Social em Florianópolis, de Octávio Ianne e Fernando
Henrique Cardoso. FHC publicou, posteriormente Capitalismo e Escravidão no Brasil
Meridional, na qual analisava, utilizando categorias de análises marxistas e
weberianas, a escravidão no Rio Grande do Sul. Por sua vez, Octávio Ianne
publicou O Negro na Sociedade de Classes.
Por fim, as atuais pesquisas
sobre a presença negra e a escravidão no Brasil se baseiam no que se chama de
perspectiva atlântica. Isto é, se pensa a escravidão e seu legado como um
reflexo das relações entre Brasil e África. Alguns intelectuais, como o
diplomata e intelectual africanista Alberto da Costa e Silva e o historiador
Luiz Filipe de Alencastro se destacaram. Costa e Silva publicou um Rio Chamado
Atlântico, além da A manilha e o Libambo: A África e a Escravidao, de 1500 a
1700. Alencastro, por sua vez, publicou o livro Trato dos Viventes, no qual
apontou questões sobre a formação do Brasil no Atlântico Sul. Os votos dos ministros do Supremo Tribunal
Federal sobre a constitucionalidade das cotas raciais nas universidades tiveram
como luz o parecer do historiador Luiz Felipe de Alencastro.
A intelectualidade brasileira
apresenta um posicionamento polêmico em relação às cotas. Pois, intelectuais
conservadores, como Peter Fry e Alba Zaluar, ambos de universidades do Rio de
Janeiro, apontam posicionamentos contrários às cotas, ainda mantendo uma
postura próxima a de Gilberto Freire, afirmando existir no Brasil uma
“Democracia Racial”. Todavia, o parecer de Alencastro foi definitivo em relação
à postura da intelectualidade brasileira em relação às cotas, em um parecer
favorável as mesmas.
Os Intelectuais
e a Questão Negra
A visão dos intelectuais sobre
a temática negra no Brasil evoluiu de um profundo racismo e preconceito para
uma visão de maior amplitude na compreensão social da importância dos negros
para o desenvolvimento sócio-político-econômico nacional. No fim do século XIX
e início do século XX, dois locais se destacaram na produção de conhecimento
relativo à temática negra: A faculdade de Medicina da Bahia e a Faculdade de
Medicina do Rio de Janeiro. Dentre os
pesquisadores baianos se destacou Nina Rodrigues. Dentre os pesquisadores
cariocas, foi destaque Arthur Ramos. Nina Rodrigues foi profundamente
influenciado pelos estudos racistas de Lombroso, um médico forense italiano,
que relacionava aspectos físicos dos criminosos, como forma das orelhas e no
nariz, aos crimes cometidos. Nina Rodrigues, neste sentido, apontava os negros
como uma das camadas perigosas da população. Pois teriam predisposições a ações
sociais patológicas. Arthur Ramos, autor do livro O Negro Brasileiro, também
possuiu uma verve de profundo preconceito ao analisar as temáticas relativas
aos afrodescendentes na América Portuguesa. Apesar da classificação de
racistas, concomitantemente, estes autores são considerados os pioneiros da antropologia
no Brasil. Isto porque suas etnografias em relação aos bantos e sudaneses,
principais grupos éticos negros que migraram forçadamente nos tumbeiros para o
Brasil, são as pioneiras referências da literatura especializada sobre a área.
Outro autor que teve uma grande repercussão
sobre as temáticas negras no Brasil foi o antropólogo Gilberto Freire. Este
importante pensador publicou em 1933 o grande clássico das ciências sociais
Casa-grande e Senzala. Sua principal perspectiva era a de criticar o pensamento
racista vigente, em especial as teses de Oliveira Vianna, que vinculava aos
imigrantes alemães um possível progresso nacional, no livro Populações do
Brasil Meridional. Gilberto Freire inovou ao considerar o negro não apenas a
mão-de-obra a ser explorada, mas sim como um co-colonizador ao lado do
português. Seu combate ao racismo, ao considerar que o negro auxiliou a
colonização em especial nas tarefas domésticas, indica um avanço aos princípios
racistas. Todavia, nos anos 1950, Gilberto Freyre apoiou as posturas racistas
do colonialismo português na África, ao publicar o livro O Luso e o Trópico, na
qual apoiava as medidas imperialistas do ditador português Antônio Salazar. Sua
principal tese era que no Brasil, assim como nos principais países de língua
portuguesa, não havia racismo, mas sim uma democracia racial, sendo o português
menos racista que as demais nações colonialistas.
Como contraponto às teses de
Gilberto Freire, que visualizava uma democracia racial ou étnica, tivemos as
pesquisas sobre os negros realizada na Universidade de São Paulo, em especial
lideradas pelos cientistas sociais Florestan Fernandes e Roger Bastide. Os
principais pontos relatados por estes intelectuais eram uma recusa a ideia de
democracia racial, apontando o profundo racismo da sociedade brasileira.
Florestan Fernandes orientou trabalhos pioneiros sobre a temática negra, como A
Cor a e Sociabilidade Social em Florianópolis, de Octávio Ianne e Fernando
Henrique Cardoso. FHC publicou, posteriormente Capitalismo e Escravidão no
Brasil Meridional, na qual analisava, utilizando categorias de análises
marxistas e weberianas, a escravidão no Rio Grande do Sul. Por sua vez, Octávio
Ianne publicou O Negro na Sociedade de Classes.
Por fim, as atuais pesquisas
sobre a presença negra e a escravidão no Brasil se baseiam no que se chama de
perspectiva atlântica. Isto é, se pensa a escravidão e seu legado como um
reflexo das relações entre Brasil e África. Alguns intelectuais, como o diplomata
e intelectual africanista Alberto da Costa e Silva e o historiador Luiz Filipe
de Alencastro se destacaram. Costa e Silva publicou um Rio Chamado Atlântico,
além da A manilha e o Libambo: A África e a Escravidao, de 1500 a 1700.
Alencastro, por sua vez, publicou o livro Trato dos Viventes, no qual apontou
questões sobre a formação do Brasil no Atlântico Sul. Os votos dos ministros do Supremo Tribunal
Federal sobre a constitucionalidade das cotas raciais nas universidades tiveram
como luz o parecer do historiador Luiz Felipe de Alencastro.
A intelectualidade brasileira
apresenta um posicionamento polêmico em relação às cotas. Pois, intelectuais
conservadores, como Peter Fry e Alba Zaluar, ambos de universidades do Rio de
Janeiro, apontam posicionamentos contrários às cotas, ainda mantendo uma
postura próxima a de Gilberto Freire, afirmando existir no Brasil uma
“Democracia Racial”. Todavia, o parecer de Alencastro foi definitivo em relação
à postura da intelectualidade brasileira em relação às cotas, em um parecer
favorável as mesmas.
Povos Ameríndios No Brasil - Básico
Quando dá chegada do europeu no território que hoje compõe
o Brasil já habitavam, segundo algumas estimativas, por volta de mil diferentes
povos indígenas totalizando em torno de 2 a 4 milhões de indíviduos. Embora
sejam hoje todos chamados de "índios" (o que aliás foi fruto de um
engano, pois incialmente pensou-se que tinha-se chegado a Índia, na Ásia), era,
como ainda o é, imensa a diversidade cultural entre estes povos.
De fato, hoje em dia nosso país apresenta 241 grupos
étnicos de origem pré-colombiana que falam 150 diferentes línguas totalizando,
de acordo com dados do último censo do IBGE, 896.917 indíviduos
distribuídos por milhares de aldeias localizadas nas 693 terras indígenas
demarcadas em todo território nacional, sendo que alguns destes, 324.834 para
ser mais exato, moram em cidades.
Por definição legal, no Brasil considera-se índio todo
aquele que "é membro de uma comunidade indígena, reconhecido por ela
como tal" ao passo que "comunidade indígena" define-se como:
"toda comunidade fundada em relações de parentesco ou vizinhança entre
seus membros, que mantém laços histórico-culturais com as organizações sociais
indígenas pré-colombianas". Ao contrário do que o senso comum preconiza,
portanto, ser índio, para a lei brasileira, não passa pela presença, ou não, de
traços culturais distintivos, como usar cocar, se pintar de urucum, ou algo
semelhante. De maneira que pode-se perfeitamente, de acordo com a constituição
brasileira, morar em cidade, andar de carro e se vestir com "roupa de
branco" e continuar a ser índio.
Outra ideia que deve ser igualmente combatida como uma
falácia, que é, é o discurso que afirma haver muita terra para pouco índio, que
as terras indígenas são improdutivas e que terras indígenas em região de
fronteira são uma ameaça a soberania nacional. Este tipo de fala é altamente
pernicioso e fruto de um preconceito atávico em relação a estas populações. De
fato a maioria das terras indígenas tem dimensões menores do que a própria
constituição recomenda, ou seja, com uma extensão insuficiente para a
reprodução cultural tradicional destes povos. Da mesma maneira pode-se afirmar
que elas apresentam uma produtividade adequada ao modo de produção destes
povos, sendo suficiente para garantir as atuais e futuras gerações destes
grupos étnicos. Também sabemos com toda certeza que historicamente os povos
indígenas que habitam as áreas de fronteira foram, e são ainda, garantia da
soberania nacional, atuando de maneira decisiva para a manutenção da extensão
do território brasileiro e defendendo nosso país contra invasões
estrangeiras, como foi o caso recente dos índios Ashaninka que denunciaram à
Polícia Federal a invasão do território acreano por parte de madereiros e
traficantes peruanos. Por fim, mas não menos importante, as terras indígenas tem
representado um fator de enorme importância na conservação do meio ambiente,
como a foto abaixo pode comprovar, onde a parte verde representa o limite do
Parque Nacional do Xingú.
Povos Ameríndios No Brasil -
Intermediário
Para se entender a questão indígena no Brasil, e nas
Américas, precisamos ter em mente alguns fatos, a saber:
Em primeiro lugar que o território brasileiro já era
habitado por populações humanas milhares de anos antes da chegada dos europeus
aqui.
Que a conquista européia do continente americano foi de
uma violência sem par na história humana, representando o maior genocídio
ocorrido nesta, com por volta de 30 milhões de mortos no processo.
Que a origem destas populações não é sabida com certeza,
sendo bastante provável que estas descendam de povos paleo-siberianos que
cruzaram o estreito de Bhering entre 25 a 15 mil anos atrás, estando aqui,
portanto, muito antes da chegada dos europeus.
Que algumas populações que hoje habitam o território
brasileiro são descendentes diretos deste povos que aqui estavam antes dos
europeus por cá chegarem.
Que os índios brasileiros têm uma história própria,
independente da história européia, que se estende por milhares de anos,
antecedendo o encontro com os europeus, à 500 anos atrás.
Que estes povos têm uma cultura própria fruto de suas
histórias e das relações que estabeleceram entre si, entre seus membros e
destes com o meio ambiente que habitam, tendo sido, entretanto, profundamentes
afetados pela colonização, que foi altamente disruptiva destas culturas.
E, por fim, que as divisões territoriais que estes povos
apresentam não coincidem necessariamente com as fronteiras nacionais dos países
da região, pelo que devemos falar antes em "povos indígenas no Brasil"
do que"povos indígenas do Brasil".
Línguas indígenas no Brasil:
Políticas Públicas - Básico
É importante compreender que existem duas esferas a serem compreendidas:
Pública x Privada
Esfera Pública - Pode ser compreendida como uma
convenção social que atenda aos interesses da coletividade. Ou seja, é a esfera
de ação do Estado. As pessoas são consideradas cidadãos, independente de serem
usuários das politicas ou servidores, todos submetem-se
as normativas impostas pelo Estado.
Esfera Privada - Pode ser compreendida como uma convenção social especifica
que atenda apenas as parcelas residuais e especificas. Ou seja, é a esfera de
ação dos indivíduos na sociedade civil. As pessoas são indivíduos pertencentes
a um sistema capitalista que visa a satisfação de suas necessidades individuais
ou de um grupo especifico.
A partir dessa compreensão é que
surgem as demais diferenciações:
Direito Público
|
X
|
Direito Privado
|
Estado
|
X
|
Sociedade Civil
|
Poderes do Estado
|
X
|
Direitos do Cidadão
|
Políticas
Públicas - Intermediário
Todas as Associações pertencem
a Administração Privada, pois apresentam missão e objetivos autônomos,
possíveis de serem alterados conforme a vontade de seus
integrantes.
As Instituições pertencem as
Organizações Estatais e surgem para desempenhar funções que atendam a
coletividade, apresentam missão e objetivos determinados legalmente.
A Administração Publica apresenta
outro recorte importante: a Administração Direta e a Administração Indireta.
Administração Direta - pode ser identificada através dos serviços integrados a Presidência da
República e aos 24 Ministérios.
Administração Indireta - é identificada por entidades de personalidade jurídica própria, estes
vinculados aos Ministérios ou as Secretarias.
Com o conteúdo apresentado até esse momento é possível considerar que o
Setor Publico determinará a esfera de atuação do Poder Privado.
Diversidade
Cultural E Caracterização Regional No Brasil - Básico
O Brasil possuiu uma grande
diversidade de sotaques, estilos de vida e formas de convivência que
caracterizam as distintas regiões brasileiras. Porém, as divisões regionais do
Brasil possuem uma história longa. No processo de consolidação da
independência, em 1822, tivemos uma união das chamadas Províncias Unidas do
Sul, uma primeira diferenciação entre regiões brasileiras. Pois, enquanto
as províncias do norte, como a Bahia e o Pará, ainda se mantinham fiéis à Coroa
Portuguesa, como no caso da luta contra o General Madeira (Salvador, Bahia) e a
adesão do Pará ao Brasil, que só ocorreu em 1824. As provinciais unidas do Sul
eram Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas
Gerais. Uma primeira divisão regional ocorreu junto com o próprio
processo de Independência. Porém, a ideia de região foi no Brasil uma
construção de longa duração.
Durante os anos de Brasil Colonial, a
divisão regional existente eram as Capitanias. Algumas mais relevantes do ponto
de vista político e econômico, outras menos influentes, porém com poder
jurisdicional. A capitania de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Pernambuco, de
Sergipe, do Rio Grande do Norte, de São Pedro do Rio Grande do Sul e de Santa
Catarina são exemplos de capitanias que até hoje nomeiam unidades territoriais
brasileiras. Todavia, algumas capitanias, como Itaparica, foram englobadas por
estados, no caso, a Bahia. No Império, a nomenclatura de capitania é modificada
para Província. Também foi presente o surgimento de novas províncias, como a
antiga 5ª Comarca da província de São Paulo, que se transformou na província do
Paraná. A nomenclatura de estados para as antigas províncias adveio com a
proclamação da república, na qual o Império do Brasil se transformou na
República dos Estados Unidos do Brasil.
Até o ano de 1946, não existiam, do
ponto de vista legal, divisões regionais reconhecidas pelo governo Brasileiro.
Com a criação do IBGE- o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, foi
criada uma primeira divisão regional, na qual o Brasil era dividido nas regiões
sul- composta por São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul- Leste,
com a Bahia, o Espírito Santo e o Rio de Janeiro, a região centro-oeste,
composta por Goiás e Mato-Grosso, Norte, por Amazonas e Pará, além do nordeste,
composto pelos demais estados da federação. Em 1967, a República dos Estados
Unidos do Brasil foi transformada na República Federativa do Brasil. Assim, em
1969, a ditadura militar refez uma nova divisão regional, na qual foram criadas
as atuais divisões, sul, sudeste, centro-oeste, norte e nordeste.
A criação de novos estados se relacionam com um processo de menor
imposição do governo federal em relação às regiões. Com a revolução de 1930,
algumas regiões eram consideradas territórios federais, como o Iguaçu, Fernando
de Noronha, Amapá e Guaporé. Após a Constituição de 1988 e um maior avanço
democrático, os antigos Territórios Federais foram incorporados aos estados,
como no caso de Fernando de Noronha (parte integrante de Pernambuco) e o Iguaçu
(parte do Paraná). Outros, como o Amapá e Guaporé (Rondônia) foram elevados a
estado. Outras unidades federativas que surgiram nas últimas décadas foram o
Tocantins (antigo norte de Goiás e sul do Pará), e Roraima. Nos últimos tempos,
alguns estados foram propostos, como no caso do Pará, que seria dividido.
Porém, a proposta foi rejeitada em um plebiscito.
Diversidade
Cultural E Caracterização Regional No Brasil - Intermediário
A divisão das regiões brasileiras
perpassa não apenas questões geopolíticas, como também questões geoeconômicas.
Em relação às dinâmicas geoeconômicas, podemos estabelecer três grandes regiões
brasileiras: a Amazônia, o Nordeste e o Centro-sul. Do ponto de vista
geopolítico, teríamos a região amazônica correspondendo ao Norte, o nordeste
correspondendo a seu homônimo político e o centro-sul correspondendo às regiões
sul, sudeste e centro-oeste. Observa-se, do ponto de vista socioeconômico, uma
grande diferenciação entre as três regiões.
Uma das primeiras regiões brasileiras
a ter um banco para fomentar seu desenvolvimento foi o Nordeste, com a criação
da SUDENE, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, durante o governo
Juscelino Kubistchek. Seu idealizador e primeiro diretor foi o economista Celso
Furtado. Tratava-se de uma tentativa de desenvolver a região com investimentos
de verba pública. Porém, outras instituições federais anteriores tinham a
função de desenvolver a região, sendo uma das principais a antiga Inspetoria de
Obras Contra as Secas. Criada em 1909, pelo governo Nilo Peçanha, teve
seu nome alterado para Departamento Nacional de Obras contra as Secas durante o
governo Getúlio Vargas. A seca é um dos flagelos da população que habita
o semiárido, Porém, a região Nordeste também é composta por outras subdivisões
regionais, como a zona da mata (região litorânea), o agreste, o sertão
(semiárido) e o meio norte (também chamado de zona dos coqueirais, na fronteira
com a Amazônia). O banco do Nordeste é uma das principais instituições da
região. Quando apontamos a Sudene na formação de uma identidade nordestina, a
mesma pode ser compreendida por ser a Bahia e o Maranhão (além do vale do
Jequitinhonha, em Minas Gerais), incluídos nas áreas de atuação da SUDENE.
Regiões que anteriormente não eram consideradas “nordestinas’.
A região amazônica foi durante muitos
anos, ligada ao extrativismo vegetal. Tanto de especiarias como as drogas
do sertão (castanha do Pará, entre outras), como também na exploração de
matérias-primas, na qual se destacava o látex, responsável pela fabricação da
borracha. O ciclo da borracha, que teve seu auge no início de século XX, é
fundamental para a compreensão das dinâmicas geoeconômicas da região amazônica.
Pois, antes da exploração do látex, a principal cidade da região era Belém.
Manaus passou a concorrer com Belém como uma das cidades polo da região graças
a borracha. Outra questão importante foi a do Acre, território pertencente à
Bolívia, ocupado pelos brasileiros e no Tratado de Petrópolis, de 1904,
comprado pelo Brasil. Em 1967, se fundou a zona franca de Manaus, como
tentativa de criar um polo econômico em meio à floresta amazônica. Nos anos
1970, o governo militar também incentivou a ocupação do território amazônico,
com a criação de colônias agrícolas ao longo de uma rodovia que estava sendo
aberta, a Transamazônica. Um projeto que não frutificou, porém, que demonstrava
o pensamento geopolítico da Ditadura Militar. A cidade de Belém, na foz do Rio
Amazonas, tem uma grande importância para a Região. Sede do Instituto de
Pesquisa da Amazônia, como também sede da primeira Escola de Marinha Mercante
do Brasil, é ligada ao restante do país pela rodovia Belém- Brasília. Todavia,
a principal forma de comunicação na região é o transporte naval, através das
embarcações que singram as águas da região.
A região Centro-Sul é um centro dinâmico da economia brasileira. Engloba o agro
negócio do centro-oeste, sul e sudeste, além das dinâmicas industriais do Sul e
Sudeste. Uma dinâmica comum pode ser incluída se analisamos as regiões do ponto
de vista econômico, pois temos uma integração entre as diferentes regiões
geopolíticas do centro sul. Um exemplo é a produção de soja do Matogrosso e de
Goiás, que são exportadas através dos portos do sul e sudeste. O centro-sul
enquanto região geoeconômica compreende diversas regiões, ao mesmo tempo interligadas
de diversas formas. O Rio de Janeiro e a cidade de São Paulo formam os dois
maiores núcleos urbanos do país. A antiga capital da república ainda se mantém
como um ponto econômico importante, em especial, pela extração de petróleo na
Bacia de Campos e pela produção audiovisual. Por sua vez, São Paulo é a
principal cidade e o principal estado do país, concentrando a maior parte da
produção industrial brasileira. Os estados do sul mantem grande parte de
produção industrial e também de agroindústria.
Assim, podemos observar que as dinâmicas geoeconômicas nem sempre
respeitam as fronteiras estabelecidas politicamente pelos técnicos do Estado
Brasileiro.
Teorias
Sociais Brasileiras - Básico
No Brasil, a sociologia como
atividade sistemática com o fim de conhecer a sociedade surge apenas na década
de 1930, com a criação da Universidade de São Paulo, por meio da qual se passou
a investir consideravelmente na produção científica. Seus estudos se
desenvolveram na busca de compreender a formação da sociedade brasileira. Para
que isto fosse possível entre os principais assuntos estão a escravatura e a
abolição, o negro e o indígena que permitiam uma análise do processo de
colonização.
Formação
da sociedade brasileira.
Disponível
em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=37897. Acesso em: 07 abr. 2014.
Logo após o termino da Segunda Guerra
mundial o Brasil passou por um processo de industrialização, e isso teve
consequências diretas sobre a vida do povo brasileiro. A sociologia busca
compreender estas mudanças, abordando conflitos entre raças e etnias, problemas
com imigrações, de um modo geral, integração e mudança social.
A análise sociológica brasileira
repousa sobre os problemas relacionados às desigualdades sociais, regionalismo,
tradições, etnias, etc. A realidade brasileira torna-se temática nas mais
variadas obras de sociólogos que escreveram sobre os aspectos sociais do
Brasil. Dentre os principais sociólogos brasileiros podemos destaca: Florestan
Fernandes, Darcy Ribeiro, Gilberto Freyre, Sergio Buarque de
Holanda, Caio Prado Junior e Fernando Henrique Cardoso.
A pluralidade de objetos e a
interdisciplinaridade tornaram-se uma característica da sociologia brasileira,
a partir de uma realidade cada vez mais diversificada. Os sociólogos buscam
redefinir conceitos partindo de fenômenos mundiais, tais como capitalismo
liberal e globalização.
Teorias
Sociais Brasileiras - Intermediário
O sociólogo brasileiro Florestan
Fernandes desenvolveu trabalhos de pesquisa em várias áreas que vai desde a
sociologia, economia, antropologia e ciência política. É considerado
ainda o fundador da sociologia crítica no Brasil. A formação da sociedade
brasileira composta por indígenas, negros escravos e colonizadores portugueses
foi tema de investigação por parte de Florestan. Para um maior
aprofundamento da sociologia desenvolvida por este importante sociólogo
brasileiro sugerimos a leitura do artigo A
Sociologia de Florestan Fernadnes.
O antropologo Darcy Ribeiro deixou
uma contribuição muito importante para a sociologia no brasil, pois seus
estudos voltaram para compreender a matriz indígena brasileira, a formação da
identidade do povo brasileiro. Esteve entre os indígenas por aproximadamente
dez anos o que resultou em um profundo conhecimento da cultura idígena e
produção de importantes obras literárias. Para conhecer um pouco mais sobre
este intelectual brasileiro leia o artigo A obra em
que Darcy Ribeiro desafia o Brasil.
Outro intelectual brasileiro que
deixou contribuições importantes para a sociologia no brasil e que merece
atenção é Gilberto Freyre, pois é considerado um dos mais importantes
sociólogos do século XX. Sua obra mais conhecida é Casa Grande e Senzala, na
qual discorre sobre a formação da sociedade brasileira a partir das relações
existentes entre o senhor e o escravo, pois a sociedade brasileira é resultado
da miscigenação. Uma questão importante nesta obra é que o autor refuta a ideia
de que devido a miscigenação resultou em uma raça inferior. Para um
aprofundamento maior sobre esta obra sugerimos a leitura do prefácio do livro da edição de 1933.