quarta-feira, 13 de outubro de 2010

melancolia um risco para o suicídio!

Pinna (apud Massimi, 1990) expõe que a melancolia ocupa-se especialmente da saudade causada pela ausência do objeto amado, quer seja de uma pessoa, ou algo do qual gostava muito. Na visão teológica de Pinna “a condição para verificar-se da saudade é trabalho da memória, que continuamente elabora representação do objeto ausente e, desta forma, estimula a emoção. A emoção é um ato da vontade. A emoção, por sua vez, excita ulteriormente atividade da memória” (apud Massimi, 1990, p.22).
Frei Pinna faz uma analogia entre tal vivência (melancolia) e a morte física: “como nesta a alma se aparta do corpo, naquela o corpo se aparta da alma, pois a alma do amante é o próprio objeto amado”. Assim sendo, sob este prisma, quando não temos um controle um equilíbrio psicofísico aparecem às enfermidades (sofrimento psíquico), ou tristezas ou ainda a melancolia. A tristeza melancólica para o padre Antonio Vieira (apud Massimi, 1990, p.21) é uma doença universal, como expõe em um de seus Sermões;


(...) O humor da tristeza, depositado em excesso no coração; se espalha para o corpo inteiro, exalando “venenos mortais” que ferem a cabeça, e perfura o cérebro, lhe confundem o juízo; ferem os ouvidos, e lhes fazem dissonante a harmonia das vozes; ferem o gosto, e lhe tornam amarga a doçura dos sabores; ferem os olhos e lhes escurecem a vista; ferem a língua, e lhe emudecem a fala; ferem os braços, e os quebrantam; ferem as mãos e os pés, e os entorpecem; e ferindo todos os membros do corpo, nenhum há que não adoeça d' aquelle mal, que maior moléstia lhe pode causar, e maior pena e não pode tardar muito em matar. 
    
Para o Padre A. Vieira (apud Massimi, 1990, p.21), o estado subjetivo característico do sujeito melancólico é o de um “cadáver vivo”, insensível para o gosto e sensível para a dor; dominado por angustia e aflição. “A imaginação tende a produzir pensamentos negativos; o individuo está aborrecido com tudo, e principalmente consigo mesmo, nada pode aliviar sua pena. Não há remédio, esperança, desejo, ou consolação que possam melhorar tal condição”, o suicídio aparece como recurso para acabar com este sofrimento, pois o indivíduo fica preso à cadeia da sua própria tristeza.
Segundo D’Assumpção et.al ( 1984, p. 174), contemos de 10 a 15 idéias  na cabeça e ninguém tem muito mais do que isso no pensamento. E, giramos diariamente horas e horas, em função destes 15 pontos. “O que quer dizer que depois de cinco anos de girar em torno disso, ninguém mais agüenta se ouvir, mas nem o começo. E, na verdade, não ouve; eu acho que uma pessoa mergulha em tédio, que é um estado hipotético”.   Deste modo, o individuo, chega a um ponto de não agüentar mais as idéias, os pensamentos negativos e acaba com a sua dor, tirando a vida.